
Resenha - Um Gosto e Seis Vinténs
Título original: The Moon and Sixpence
Título em coreano: 달과 6펜스
Autor: William Somerset Maugham
Data de publicação: 15/04/1919

Sinopse: Quando o autor sai no rastro de Charles Strickland, o herói do livro, sabe tanto sobre o misterioso personagem quanto o próprio leitor. Mas, à medida que ele avança em suas pesquisas, vão se revelando os detalhes de um drama espantoso e inacreditável que nos perturba, nos comove, nos revolta e também nos fascina pela poderosa sugestão de uma ideia de beleza tão intensa e tão dominadora que era mais forte do que o amor, o dever, a própria vida e a própria morte. Livro humano, cheio de irônica amargura e beleza, Um Gosto e Seis Vinténs é um dos romances mais empolgantes de Somerset Maugham.
— Quem lhe garante que você tem talento?
Ele não respondeu logo. Estava com o olhar fixo na multidão dos passantes, mas não creio que os estivesse vendo. Sua resposta não respondeu nada.
— Tenho que pintar.
— Será que não está correndo um risco muito grande?
Então olhou para mim. Seus olhos tinham algo estranho que me fizeram ficar pouco à vontade.
— Quantos anos você tem? Vinte e três?
Pareceu-me que a pergunta não tinha nada a ver com a conversa. Era natural que eu corresse riscos; mas ele já não era mais jovem, um corretor com uma posição respeitável, mulher e filhos. Uma atitude que para mim seria natural, era absurda no seu caso. Tentei ser justo.
— É claro que pode acontecer um milagre e você se tornar um grande pintor, mas você há de convir que é uma possibilidade entre mil. Vai ser bem desagradável se no fim você descobrir que estragou tudo por nada.
— Tenho que pintar — repetiu ele.
— Supondo-se que você nunca passe de um pintor de terceira categoria, você acha que terá valido a pena desistir de tudo? Afinal de contas, em outras profissões não faz diferença se não se tem muita vocação; podemos viver confortavelmente se fizermos o trabalho razoavelmente; mas com um artista é diferente.
— Idiota — disse ele.
— Não sei por que, a menos que seja idiotice dizer o óbvio.
— Já lhe disse que tenho que pintar. É mais forte do que eu. Quando um homem cai dentro d’água, não interessa se nada bem ou mal, tem que se safar senão morre afogado.